365 DAYS WRITING
#1 DIA: UMA HISTÓRIA/CONTO SOBRE UM PERSONAGEM NA VIRADA DE ANO
- Renèe, 1 de janeiro de
2018
No começo pensei que as
luzes do farol do carro em meio a escuridão da estrada fossem ser
minha única companhia nesta virada. A lua, as estrelas e as luzes
desta acolhedora cidade me presentearam conforme eu sentia o
acelerador sob meu pé.
Esta noite o céu está
limpo, aliás. Mesmo dentro da cidade consigo vislumbrar com clareza
diversos pares de estrelas, constelações perdidas em lembranças e
uma grande, brilhante e divina lua cheia. Lua minha, lua dele. Ainda
depois de tudo eu sentia-me aquecida por suas memórias, como se
estas fossem fonte interminável da minha energia.
É a primeira vez que
passo uma virada de ano sozinha. É tudo muito poético, tudo tão
lindo, no entanto tão solitário. Sinto saudades de casa, de meus
gatos e da família que deixei na cidade grande. Espero que estejam
bem e entendam que mesmo hoje preciso terminar meu trabalho. Gostaria
de ter trago alguém, no entanto: mesmo que seja egoísta querer
compartilhar desta solidão, tenho a impressão que ele se sente só
mesmo cercado das luzes deslumbrantes do dinheiro.
A solidão já é algo com
o que estou acostumada, sim, mas ver os fogos sozinha não foi algo
que me agradou. Me fez pensar no futuro, no passado, no que estava
havendo com minha vida em todos os aspectos mais sombrios. Me fez
chorar, por um breve segundo – chorar por dentro. E então eu
engoli todos os sentimentos que me atacaram ao olhar novamente para a
lua, minha lua. E ela sorriu de volta para mim, em meio a uma nuvem
passageira.
Era ano novo, lembrei-me
então, um ano novo com lua cheia!
E eu senti a energia
voltando a mim. Eu senti o que eu era, o que eu queria e tinha que
ser. Enterrei o lamento mais uma vez e abri meu coração para o amor
fluir novamente, e voltei a conversar com a lua. Conversei com ela
sobre meus sentimentos, sobre meu amado, sobre minhas expectativas.
Eu acho que ela ouviu tudo, mesmo em meio aos barulhos das
comemorações.
Depois de tudo isso, sai
do carro e sentei na praça para comer algum lanche e olhar as
pessoas se divertirem de branco. Era uma cidade pequena e boa parte
estava em casa, cuidando de sua própria familia e ceia, mas aqueles
que deixaram-se perder pela diversão se juntavam em um único lugar
para dançar e beber. Mesmo quando entrei novamente no carro, ainda
festejavam com seus copos cheios de emoções vazias.
Eu sei que sou a mesma do
outro ano, de horas atrás. Mas me sinto segura ao menos uma vez –
segura por ter tentado, segura por ser quem sou.
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