quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

365 days writing: A New Year Misery

  365 DAYS WRITING
 #1 DIA: UMA HISTÓRIA/CONTO SOBRE UM PERSONAGEM NA VIRADA DE ANO

- Renèe, 1 de janeiro de 2018

  No começo pensei que as luzes do farol do carro em meio a escuridão da estrada fossem ser minha única companhia nesta virada. A lua, as estrelas e as luzes desta acolhedora cidade me presentearam conforme eu sentia o acelerador sob meu pé.

  Esta noite o céu está limpo, aliás. Mesmo dentro da cidade consigo vislumbrar com clareza diversos pares de estrelas, constelações perdidas em lembranças e uma grande, brilhante e divina lua cheia. Lua minha, lua dele. Ainda depois de tudo eu sentia-me aquecida por suas memórias, como se estas fossem fonte interminável da minha energia.

  É a primeira vez que passo uma virada de ano sozinha. É tudo muito poético, tudo tão lindo, no entanto tão solitário. Sinto saudades de casa, de meus gatos e da família que deixei na cidade grande. Espero que estejam bem e entendam que mesmo hoje preciso terminar meu trabalho. Gostaria de ter trago alguém, no entanto: mesmo que seja egoísta querer compartilhar desta solidão, tenho a impressão que ele se sente só mesmo cercado das luzes deslumbrantes do dinheiro.

  A solidão já é algo com o que estou acostumada, sim, mas ver os fogos sozinha não foi algo que me agradou. Me fez pensar no futuro, no passado, no que estava havendo com minha vida em todos os aspectos mais sombrios. Me fez chorar, por um breve segundo – chorar por dentro. E então eu engoli todos os sentimentos que me atacaram ao olhar novamente para a lua, minha lua. E ela sorriu de volta para mim, em meio a uma nuvem passageira.

  Era ano novo, lembrei-me então, um ano novo com lua cheia!

  E eu senti a energia voltando a mim. Eu senti o que eu era, o que eu queria e tinha que ser. Enterrei o lamento mais uma vez e abri meu coração para o amor fluir novamente, e voltei a conversar com a lua. Conversei com ela sobre meus sentimentos, sobre meu amado, sobre minhas expectativas. Eu acho que ela ouviu tudo, mesmo em meio aos barulhos das comemorações.

  Depois de tudo isso, sai do carro e sentei na praça para comer algum lanche e olhar as pessoas se divertirem de branco. Era uma cidade pequena e boa parte estava em casa, cuidando de sua própria familia e ceia, mas aqueles que deixaram-se perder pela diversão se juntavam em um único lugar para dançar e beber. Mesmo quando entrei novamente no carro, ainda festejavam com seus copos cheios de emoções vazias.


  Eu sei que sou a mesma do outro ano, de horas atrás. Mas me sinto segura ao menos uma vez – segura por ter tentado, segura por ser quem sou.

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